Micoplasma : patógeno de aves que se desenvolve durante o cultivo de células.

Micoplasma é uma espécie de bacilo Gram-negativo pertencente à classe Mollicutes. Os Mollicutes são bactérias que não possuem uma parede celular, são de pequena dimensão e possuem um pequeno material genético. Devido aos Mollicutes não poderem produzir muitas enzimas (proteínas criadas pelas células para que as mesmas funcionem), eles acabam sendo parasitas obrigatórios. O Micoplasma é um patógeno de aves associado a problemas como a infecção de feridas, a sinovite infecciosa, a micoplasmose aviária, a sinusite infecciosa e a artrite associada a micoplasma. Estas doenças são normalmente encontradas nas aves. Não podem ser tratadas tranquilamente com antibióticos. O Micoplasma é um dos contaminantes mais frequentes nas culturas de células, podendo não ser detectado por métodos de detecção e controle que, de outra forma, seriam adequados para o reconhecimento de outros tipos de micro-organismos.

Os principais contaminantes na cultura de células (95%) foram identificados como:

• Mycoplasma orale
• Mycoplasma synoviae
• Mycoplasma arginini
• Mycoplasma hyorinis
• Mycoplasma fermentans
• Acholeplasma laidlawii
• Mycoplasma gallisepticum
• Mycoplasma hominis¹

O Micoplasma é com frequência encontrado em matérias-primas de origem natural, como os aditivos em pó. As análises laboratoriais do Micoplasma demonstraram que estes têm necessidades nutritivas mínimas, razão pela qual o esforço para começarem a se desenvolver é mínimo.

Micoplasma foi igualmente associado com a contaminação de produtos no processo de esterilização por filtração. Isso acaba por alterar as propriedades da cultura de células e que ocasiona o comprometimento dos biofármacos.

A ocorrência do micoplasma acontece numa taxa de contaminação estimada em 15 a 35% em todos os processos de cultura celular. No entanto, há alguns métodos que podem ser usados para reduzir a sua incidência. Uma opção é a utilização de meios sem soro (meio de cultura de células sem nutriente ou fator de desenvolvimento). Outra opção é esterilizar o equipamento por meio de calor, e não por meio de água filtrada, a uma temperatura de pelo menos 45ºC durante 15 minutos.^3.4

Os testes realizados para a detecção desses contaminantes no ambiente de produção de fármacos é um requisito universal das entidades reguladoras. As orientações para esta análise estão indicadas em: United States Pharmacopeia (USP) Capítulo <63> Testes de Micoplasma, na European Pharmacopoeia (EP) Capítulo 2.6.7 Micoplasmas, FDA 1993 Points to Consider (PTC), e no Code of Federal Regulations 21 CFR 610.30 testes para a micoplasma.

Os Micoplasma contaminantes podem, com facilidade passar, desapercebidos, pois permanecem invisíveis a olho nu mesmo em equipamentos mais avançados. Os testes de rotina são necessários para assegurar que as culturas celulares não estejam contaminadas e inclusive que os lotes subsequentes não estejam infectados por um lote anterior contaminado.

Os métodos de detecção incluem:

• Desenvolvimento direto em caldo/ágar
• Coloração específica do DNA
• PCR
• ELISA
• Marcação de RNA
• Processos enzimáticos

Devido ao sequenciamento completo do genoma de Mycoplasma⁵ e de outros Mollicutes, as sondas de PCR permitem que eles sejam rápida e especificamente detectados. O novo painel BIOFIRE® Mycoplasma para a detecção de micoplasmas inclui um painel completo para eles e outros Mollicutes. O preparo de amostras e a realização do teste são simples e automáticas. Os resultados ficam prontos em menos de uma hora.

Os Mollicutes podem passar desapercebidos na etapa de detecção e contaminar as peptonas (proteínas) que deveriam ser removidas através da radiação das matérias-primas. No entanto, algumas vacinas ou outros produtos produzidos em bactérias ou leveduras não são testados em relação ao micoplasma, principalmente porque estes organismos acabam se desenvolvendo tão rapidamente nos meios que não seria viável aos micoplasmas suportarem a replicação destes outros micro-organismos. Assim, é importante avaliar todas as matérias-primas em relação a potencial contaminação por micoplasma ou ter procedimentos implementados que irão mitigar o risco das matérias-primas conterem micoplasmas viáveis, como por exemplo, o tratamento das matérias-primas com radiação ultravioleta.

As diretrizes de controle da indústria (ou medidas de controle) fornecem recomendações sobre a melhor forma de prevenir e controlar efetivamente Mycoplasma em meios, soros e constituintes do processo. O foco está na aquisição seletiva acompanhada de um programa de gestão de fornecedores documentado, Boas Práticas de Fabricação (BPF), Análise de Perigos e Controle de Pontos Críticos (HACCP), programas de pré-requisitos, e atividades consistentes de melhoria contínua.

O Micoplasma é significatnte para todos os setores biofarmacêuticos que utilizam técnicas de cultura de células.

O Painel BIOFIRE® Mycoplasma é um “laboratório em bolsa” fechado e totalmente automático que fornece uma detecção ampla de Mollicutes com menos de cinco minutos de tempo de preparo. A bolsa descartável do reagente acopla a purificação de ácido nucleico e o PCR multiplex em tempo real contando com menos de uma hora de tempo de execução e exigindo formação simplificada e competências mínimas para operação.