Listeria spp e Listeria monocytogenes: uma bactéria nociva que causa doenças raras, mas graves, de origem alimentar
O que é a Listeria?
A Listeria é um gênero de bactérias Gram- positivas pertencentes à família Listeriaceae e compostas por 20 espécies1, incluindo a Listeria monocytogenes que é patogênica para os humanos e para os animais (zoonose) e a Listeria ivanovii que é patogênica para os animais, ainda raramente para os humanos.
Listeria monocytogenes provoca uma das mais graves doenças a listeriose,
A Listeria monocytogenes está amplamente distribuída na natureza.
A transmissão da listeriose ocorre geralmente pela ingestão de alimentos contaminados, especialmente os produtos lácteos e os produtos cárneos e pescados prontos para consumo.
Este artigo dá uma visão geral de :
- A bactéria patogênica Listeria monocytogenes
- Como a Listeria monocytogenes é transmitida
- Como a Listeria spp. e a L. monocytogenes podem ser detectadas e controladas
- Os riscos de Listeria monocytogenes para os consumidores
- Tratando a listeriose
- Visão geral das indústrias afetadas pela Listeria
- Os produtos e as soluções da bioMérieux para detectar e evitar a Listeria spp. e a Listeria monocytogenes
Como a Listeria monocytogenes é transmitida?
As espécies Listeria são encontradas no solo, na água, vegetação, nos efluentes, numa ampla gama de produtos alimentares, nas fezes humanas e de animais e podem contaminar alimentos.
Listeria monocytogenes foi isolada em diversos alimentos crus, como por exemplo, no leite não-pasteurizado e em alimentos prontos para consumo.
Em oposto a muitas outras bactérias comuns que provocam doenças transmitidas pelos alimentos, a L. monocytogenes consegue sobreviver e multiplicar-se sob baixas temperaturas, geralmente encontradas nos frigoríficos e também consegue se propagar mesmo sob elevadas concentrações de sal. É destruída por cocção correta.
Ingerir alimentos contaminados com a L. monocytogenes é a principal via de infecção.
A infecção pode também ser transmitida entre os humanos, especialmente das mulheres gestantes para os fetos.
Como a Listeria spp. e a L. monocytogenes podem ser evitadas na indústria?
Agências de saúde pública dão orientações para a indústria, além de desenvolverem e implementarem regulações.
Também investigam, gerenciam e finalizam surtos, recolhendo ou retirando alimentos e alertando o público em geral.
Todos os setores da cadeia devem implementar Boas Práticas de Higiene (BPH) e Boas Práticas de Fabricação (BPF) assim como um sistema de gestão de segurança dos alimentos baseado nos princípios de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC)2.
Os fabricantes de alimentos também devem testar critérios microbiológicos, conforme apropriado, ao validarem e verificarem o funcionamento correto de seus respectivos procedimentos baseados em HACCP e em suas medidas de controle de higiene. Ainda, os produtores cujos alimentos possuam associados a riscos de Listeria devem realizar monitoramento ambiental de modo a identificar e eliminar nichos, incluindo em locais que favoreçam o estabelecimento e a proliferação da L. monocytogenes2.
As tecnologias modernas que utilizam impressão digital genética - Sequenciamento completo de genoma (WGS) - permitem uma identificação mais rápida da fonte alimentar dos surtos de listeriose ou conseguem agrupar os pacientes em grupos, associando a L. monocytogenes isolada de outros pacientes com aquelas isoladas dos alimentos2.
Como detectar a presença da Listeria spp. e da L. monocytogenes na indústria?
Os métodos de detecção da Listeria na indústria são majoritariamente por cultura, mas existem alternativas baseadas em tecnologias automáticas PCR ou ELISA, os quais fornecem resultados num curto espaço de tempo e trazem outros benefícios.
São utilizados vários métodos reconhecidos internacionalmente (normas ISO) para a detecção e a enumeração das espécies Listeria e Listeria monocytogenes, tais como a ISO 11290-1:2017 para detecção e a ISO 11290-2:2017 para enumeração6.
O método de detecção tradicional dá resultados presuntivos no prazo de 3 dias, porém, para resultados confirmados, são necessários testes morfológicos, bioquímicos e de desenvolvimento levam pelo menos mais 2 dias.
Métodos de diagnóstico alternativos também são utilizados para poupar tempo e trabalho e que levam a uma melhor detecção, identificação e quantificação da Listeria monocytogenes; estes métodos incluem, por exemplo, testes imunológicos utilizando anticorpos para capturar o antígeno-alvo; testes de imunoabsorção enzimática ELISA) e testes baseados em reação em cadeia de polimerase (PCR).
O método mais recente e mais rápido de identificação, o MALDI-TOF MS (Dessorção por Laser Ionizante Assistido por Matriz - Espectrometria de Massas por Tempo de Voo) identifica um micro-organismo baseado em seu perfil proteico único
Como a Listeria spp. e a L. monocytogenes podem ser controladas na indústria?
Muitos países introduziram legislação para controlar a incidência da listeriose, em muitos casos, elas exigem o monitoramento microbiológico da L. monocytogenes em alimentos e ambiente de produção, por meio da amostragem ambiental e análises laboratoriais em zonas de processamento.
O Regulamento de Critérios Microbiológicos da UE exige análises laboratoriais para L. monocytogenes regulares dos alimentos prontos para consumo e impondo limites de ausência em 25g no ponto de produção, podendo variar até 100 UFC/g no final do prazo de validade (se os operadores do setor alimentar demonstrarem às autoridades que o limite de 100 CFU/g não é atingido ao final validade por meio de challenge test).
Nos EUA, foi adotada uma abordagem de ‘tolerância zero’ para a L. monocytogenes nos alimentos prontos para consumo e incentiva-se a análise laboratorial regular para demonstração da conformidade.
É necessário controlar L. monocytogenes em todas as fases da cadeia por meio de uma abordagem integrada para impedir a multiplicação desta bactéria em produtos acabados.
Os desafios para o controle da L. monocytogenes são consideráveis devido à sua natureza ubiquitária, à sua elevada resistência aos métodos de conservação habituais, tal como salga, defumação ou acidificação dos alimentos além de sua capacidade para sobreviver e se desenvolver em temperaturas de refrigeração (cerca de 5 °C)2.
As espécies de Listeria são, igualmente, colonizadoras habituais das fábricas de alimentos, onde podem formar biofilmes difíceis de remover. Estes biofilmes podem atuar como reservatórios de contaminações persistentes por L. monocytogenes nos alimentos processados, caso não haja controle. A presença das espécies Listeria nos ambientes de produção de alimentos é frequentemente usada como um indicador da contaminação por L. monocytogenes .
Quais são os riscos da Listeria monocytogenes para o consumidor?
A listeriose é adquirida pela transmissão por alimentos, exceto no caso de infecção fetal ou neonatal, quando é adquirida no útero. Existem raros relatos por veterinários e por agricultores sobre a ocorrência de infecções cutâneas após contato direto com animais3.
A Listeria monocytogenes tem maior probabilidade de infectar os adultos com 65 anos ou mais, mulheres gestantes e seus respectivos recém-nascidos e pessoas com o sistema imunológico comprometido. Outras pessoas podem ser infectadas com a Listeria monocytogenes, mas raramente se desencadeia uma doença grave.
Os sintomas da infecção incluem febre, dores musculares e, por vezes, náuseas ou diarreia. A bacteremia é uma das principais formas de listeriose. Se a infeçcão se espalhar para o sistema nervoso, podem ocorrer dores de cabeça, rigidez do pescoço, confusão, perda de equilíbrio e convulsões, seguidas de meningite. Em pessoas saudáveis, ao contrário, a infeção é geralmente ligeira.
No entanto, em mulheres gestantes, a infecção pode provocar o aborto espontâneo, natimorto, parto prematuro ou infecção do recém-nascido. As pessoas com um sistema imunológico afetado e os idosos também correm maior risco de doença grave. A doença apresenta elevadas taxas de mortalidade e de hospitalizações na população vulnerável4.
De modo geral, as orientações ao consumidor para prevenção da listeriose são semelhantes às demais utilizadas para ajudar a prevenir outras doenças transmitidas pelos alimentos, como a salmonelose.
Mas devem ser tomados cuidados especiais em relação às pessoas que pertencem a grupos de alto risco (evitar o consumo de produtos lácteos feitos com leite não pasteurizado, embutidos e outros produtos derivados de carne prontos para consumo, como salsichas, presuntos, patês de carne, assim como pescados defumado crus, por exemplo o salmão defumado) e deve ser feita uma boa higiene da geladeira de casa.
As L. monocytogenessão destruídas nos alimentos por pasteurização e da cozimento.
Qual é o tratamento para a infecção por Listeria monocytogenes?
A listeriose pode ser tratada se diagnosticada a tempo.
Quando uma infecção ocorre durante a gravidez, a administração imediata de antibióticos evita a infecção do feto ou do recém-nascido.
Dependendo da do quadro, o tratamento recomendado é a base de amoxicilina e gentamicina. Um tratamento alternativo é a administração de trimetoprim/sulfametoxazol, já que a Listeria é naturalmente resistente às cefalosporinas5. Não há resistência relatada para o tratamento de referência.
Dados Principais:
- De acordo com o CDC, a listeriose causada porListeria monocytogenes, é a doença de origem alimentar mais mortal. Embora a doença grave com Listeria seja rara, quando as pessoas são acometidas, a infecção pode ser particularmente fatal: Estima-se que todos os anos, nos EUA ocorram 1.600 doenças e 260 mortes devido à bactéria.
Dados (fontes): https://www.cdc.gov/listeria/index.html
- Em 2017, a Europa reportou 2.480 casos humanos invasivos confirmados de listeriose sendo reportadas 225 mortes relacionadas (13,8% de taxa de mortalidade).
Dados (fontes): EFSA Journal 2018;16(12):5500
Quais as indústrias normalmente afetadas pela Listeria?
Uma grande variedade de indústrias é afetada pela contaminação por Listeria mas principalmente as indústrias de carne e de leite.
L. monocytogenes tem sido encontrada em muitos alimentos, mas a sua presença é especialmente perigosa em alimentos processados refrigerados de longa duração, como peixes defumados, patês, queijos de baixa maturação e carnes cozidas prontas para consumo.
Devido à sua capacidade de se desenvolver lentamente a baixas temperaturas, na ausência de controle, é possível a multiplicação até níveis perigosos em alimentos refrigerados.
As espécies de Listeria são, igualmente, colonizadoras habituais das fábricas de alimentos, onde podem formar biofilmes difíceis de remover. Estes biofilmes podem atuar como reservatórios de contaminações persistentes por L. monocytogenes nos alimentos processados, caso não haja controle.
Soluções
GENE-UP: Plataforma automática de detecção molecular de patógenos
IDENTIFICAÇÃO Galerias bioquímicas, sistemas bioquímicos automáticos e tecnologia MALDI-TOF
1 TAXONOMIC DESCRIPTION Leclercq et al., Int J Syst Evol Microbiol 2019;69:74–81 https://www.microbiologyresearch.org/docserver/fulltext/ijsem/69/1/74_ijsem003097.pdf?expires=1566489057&id=id&accname=sgid025318&checksum=EA77CDA290EE703B8F84EC01F0F7F371
2 https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/listeriosis
3 https://www.cdc.gov/listeria/technical.html
4 http://www.searo.who.int/topics/listeria_infections/en/ + ECDC 2019 ZOONOSIS REPORT
5http://www.searo.who.int/entity/emerging_diseases/Zoonoses_Listeriosis.pdf?ua=1
6 ISO 11290:2017 Microbiology of the food chain - Horizontal method for detection and enumeration of Listeria spp and Listeria monocytogenes - Parte 1: Método de deteção - Parte 2 Método de enumeração